Modernização incremental e contínua: a chave para o sucesso

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Mês passado a Micro Focus publicou as conclusões de um estudo chamado Endless Modernization, conduzido por ela em parceria com o Standish Group a partir de dados coletados continuamente por este instituto de pesquisa junto a mais de 50 mil participantes nas últimas décadas.

A pesquisa revelou que projetos de modernização incremental e contínua alcançam resultados superiores quando comparados a projetos de redesenvolvimento e substituição de aplicações críticas.

Em números

  • 26% dos projetos de redesenvolvimento de sistemas legados foram considerados bem sucedidos pelas empresas, contra 71% dos projetos de modernização
  • Apenas 27% das empresas que optaram por “jogar o sistema velho fora” declararam ter obtido um alto retorno do investimento e 41% delas consideraram esse retorno baixo ou muito baixo.
  • 55% das empresas que optaram por modernizar gradativamente suas aplicações se disseram satisfeitas com os resultados.

A pesquisa mostra também que os resultados foram melhores quando as empresas optaram por conduzir pequenas melhorias em busca da modernização, ao invés de um longo e abrangente projeto nesse sentido.

Mas modernizar significa o quê?

A palavra modernização pode ser tão subjetiva quanto qualquer outra que dependa de crenças e convicções individuais.

Para um engenheiro ou arquiteto de software, um sistema só pode ser modernizado se for reescrito, funcional e tecnicamente, a partir de uma folha de papel em branco, adotando o que houver de mais novo em termos de plataforma. Para outros, basta criar uma casca web que esconda a tela 3270 e permita que os usuários continuem usando o mesmo sistema, só que num browser.

Modernizar, para mim, significa ajustar uma determinada aplicação para que ela possa trazer algum benefício econômico para a empresa. E o destaque para a palavra econômico não é em vão. Não se moderniza sistemas para deixar engenheiros, arquitetos e desenvolvedores felizes. Não se moderniza aplicações só para aparecer em alguma reportagem da InfoWorld que só os técnicos da área vão ler.

Não se moderniza só porque existe uma tendência. A tendência de hoje é o vintage de amanhã e o brega daqui a um mês. Quem jogou algum sistema em COBOL fora (ou PL/I ou NATURAL…) e o reescreveu em PowerBuilder entende o que quero dizer.

Esse benefício econômico pode ser, sim, o completo redesenvolvimento de sistemas para adotar uma arquitetura de microserviços que acelerará a transformação digital e a diferenciação de uma empresa no mercado. Mas também pode significar apenas a portabilidade de um sistema para um servidor em núvem para que a empresa reduza seu TCO.

Tudo é modernização, e o caminho para chegar até ela dependerá, obviamente, do objetivo que se procura.

Se uma instalação precisa apenas simplificar e acelerar seu processo de deployment para aumentar a produtividade de seus usuários, jogar décadas de investimento no lixo e reescrever tudo do zero pode não ser necessário nem financeiramente viável.

Caixa de ferramentas

Enxergar o caminho da modernização apenas pelo lado do redesenho é ignorar as diversas opções que a própria tecnologia tem oferecido. Hoje é possível, por exemplo, retirar a camada de apresentação de um sistema COBOL monolítico e preservar a funcionalidade original em subprogramas consumidos por APIs.

Ou simplesmente migrar do Enterprise COBOL 4 para o 6 e aproveitar os novos recursos para integração de sistemas via JSON ou XML.

Ou ainda converter o sistema para o GnuCOBOL, instalar num servidor na núvem e desligar o hardware on premise.

Tudo é modernização.

Conclusão

Os dados da pesquisa realizada pela Micro Focus e pelo Standish Group não chegam a nos surpreender, ao menos a nós que estamos nessa estrada há algum tempo.

Todos nós já vimos, mais de uma vez, projetos grandes e ambiciosos de modernização que, ao final, deixaram a emenda pior do que o soneto: não desativaram 100% do sistema original e criaram um retalho que a partir daquele momento precisava de infra, suporte e equipes separadas.

Em minha humílima opinião, tiraram a marreta da caixa de ferramentas para apertar um parafuso.


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