Sobre esse livro

Sobre esse livro

Houve uma época, não muito distante, em que o primeiro contato de um estudante com a Ciência da Computação passava, necessariamente, pela plataforma mainframe. Não havia muitas alternativas. MVS, TSO, FORTRAN, COBOL, JCL, CICS e VSAM faziam parte dos programas e dos laboratórios de qualquer instituição de ensino técnico ou universitário frequentada por aqueles que quisessem ingressar no mercado da tecnologia da informação.

O desenvolvimento e a popularização de plataformas menores, redes locais, computação distribuída, internet e o mundo mobile aumentaram não só o corpo de conhecimento na área, mas também o número de oportunidades no mercado de trabalho.

Instituições de ensino, naturalmente, direcionaram o foco para essas novas plataformas, buscando atender a um mercado crescente e interessante. Mais do que isso, o crescente interesse da comunidade de TI juntou-se à oportunidade de redução de custos. Afinal, é muito mais barato manter um laboratório para ensinar Java do que um mainframe para ensinar COBOL.

Mas o COBOL se manteve essencial em todas as grandes empresas do mundo. Das agências de governo às operadoras de cartão de crédito; dos bancos às fornecedoras de serviços de telefonia; das seguradoras às administradoras de planos de saúde… todas aproveitaram as novas plataformas para expandir suas negócios e aplicações, mas mantiveram os sistemas que sustentam seu core business funcionando.

Apesar de todas as inovações proporcionadas pelas novas tecnologias, a manutenção do investimento de anos ou décadas em sistemas críticos se justifica pela estabilidade, segurança e escalabilidade de uma plataforma que não parou de evoluir.

Estima-se que, só em COBOL, existam centenas de milhões de linhas de código rodando em mainframes ao redor do mundo. E que alguns milhões de novas linhas de código sejam criados nesta linguagem todos os anos. Mas uma pesquisa rápida em livrarias on-line mostrará que pouco se oferece sobre esse tema, principalmente em português.

A ideia de editar esse livro surgiu, portanto, da necessidade de fornecer alguma informação atualizada sobre os conceitos e recursos de uma linguagem de programação que foi esquecida pelo meio acadêmico mas que se mantém fundamental nas grandes empresas. E na iminência de escassez de mão-de-obra, uma vez que as últimas gerações que aprenderam COBOL nas universidades estão às vésperas de se aposentar.

Grandes empresas, que já perceberam esse problema, estão tentando promover internamente a renovação dessa mão-de-obra, recrutando e treinando por conta própria egressos de universidades e/ou programadores com experiência em outras tecnologias. E esse livro foi escrito para esse público: pessoas que dominam conceitos fundamentais de programação mas que necessitam entender os recursos e particularidades de uma linguagem que existe há décadas.

Um dos grandes defeitos de muitos livros que tratam de linguagens de programação é querer substituir o manual da linguagem. Apresentar todos os comandos, em ordem alfabética, com todas as suas cláusulas opcionais, inclusive aquelas que raramente são usadas, só serve para vender o livro como “completo”. Nosso foco, porém, foi outro. Procuramos escrever um livro que guiasse o leitor, gradativamente, dos conceitos fundamentais do COBOL até as técnicas e abordagens mais frequentemente adotadas nas grandes empresas. Exatamente como costumamos fazer quando precisamos mentorizar um novo profissional que chega ao departamento. Buscamos, sempre que possível, usar exemplos reais – simples no início e mais complexos no final – usando padrões de nomenclatura e práticas de codificação semelhantes àquelas que são exigidas em muitas organizações. Não haverá um programa chamado PROGRAMA1 que exiba “Hello World”.

Apesar de existir há décadas, o COBOL não parou de evoluir. A última revisão significativa da linguagem, por exemplo, introduziu conceitos como free format e orientação a objetos. Esses recursos, no entanto, ainda são pouco utilizados. Por esse motivo optamos por focar no modelo tradicional de codificação de programas em COBOL: programação estruturada, orientada a negócios, em linhas de 80 colunas, com todas as divisões, seções, parágrafos e sentenças que encontraremos nos grandes sistemas legados.

Usamos como referência alguns dos principais compiladores disponíveis no mercado, tais como o Enterprise COBOL for z/OS da IBM, o Visual Cobol da Micro Focus e o GNU COBOL, (antigo Open COBOL) da Free Software Foundation. Esse último, inclusive, pode ser baixado livremente pelo leitor que quiser testar os exemplos e exercícios propostos neste livro. O GNU COBOL está disponível para plataforma Windows, Mac e Linux.


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